
Levar um sonho a sério significa convertê-lo em atividades diárias que, por fim, somadas ao longo do tempo, farão você vislumbrar o amanhecer do seu sonho realizado. Reconheço que esse é um tópico importante para se discutir, haja vista a enorme dificuldade das pessoas em executar pequenas tarefas. Certamente você já ouviu que devemos sonhar grande, mas começar pequeno. Isso não significa que você deve desprezar os seus pequenos esforços ou ser uma pessoa com baixa autoestima. Começar pequeno inclui fazer o dever de casa de cada dia; e é exatamente sobre isso que vamos conversar agora.
Quero apresentar a chave mestra que está por trás da execução de qualquer atividade. Para facilitar a sua compreensão, usarei de uma pequena metáfora. Digamos que a atividade que você precisa fazer seja representada pelo abrir de uma porta, de forma que: porta fechada é igual a procrastinação (sonho ameaçado); e porta aberta é igual a um passo novo rumo ao seu sonho (sonho que será realizado). Você pode – nesse momento – imaginar todas as suas atividades pendentes como portas fechadas, precisando ser abertas. O que você precisa fazer é avançar e abrir. Em dado momento você elege uma porta (uma atividade específica) e se dirige a ela. Você tenta, tenta, mas descobre que sua chave só foi capaz de entrar no cilindro da fechadura. Você acaba descobrindo que essa é uma porta especial e que para abri-la você precisa de uma chave diferenciada: uma chave que fará o cilindro da fechadura dar seis voltas para que, por fim, a porta se deixe abrir. Metáforas à parte, apresento agora as seis condições rumo a execução de qualquer atividade. Serão como voltas dadas no cilindro, destravando assim, a lingueta da fechadura.
A primeiríssima condição é a clara definição da atividade a ser feita. Por mais que você tenha várias portas a serem abertas, você precisa fixar seu olhar somente numa delas. Aqui está a importância do foco. Gosto da definição de foco que ouvi certa vez: “Foco é fazer algo como se nada mais no mundo existisse”.
Em segundo lugar, você precisa ter o conhecimento técnico necessário para executar a atividade focada. Se não tiver, redefina sua condição anterior. Você pode, até mesmo, perceber que a atividade sua necessária para o momento é de aprendizagem; e não de uma prática concreta de algo a ser executado. Exemplo: você não deve eleger formatar seu computador, sem antes estudar e aprender como isso é feito.
Depois, você precisa dos recursos necessários. Se for fazer um bolo, precisa dos ingredientes, certo? Se for digitar um texto, precisa de um computador com um editor de texto instalado. Às vezes, os recursos envolvem a participação de pessoas, ou seja, há situações nas quais, literalmente, o que você precisa fazer só será feito com a inclusão de uma ou mais pessoas (ninguém carrega um piano sozinho rs…). Mesmo que você decida delegar uma atividade (contratar um serviço, por exemplo), ainda assim, você precisa definir isso, e ter o recurso necessário (dinheiro).
A quarta condição é a definição de um intervalo de tempo. Sim! Você precisa de tempo, e nesse caso, trata-se do exercício do seu poder de decisão ao programar sua própria presença numa data e horário definidos para que algo seja feito. Você deve até antever a duração dos seus eventos de atividades, evitando assim, flutuação na sua energia e consequente esgotamento por não conseguir definir exatamente qual a expectativa do fim da sua atividade. Novamente note que, mesmo para as atividades que você for executar através de uma delegação, ainda assim, você terá que definir um tempo no qual a atividade será transmitida para seu executor.
O penúltimo passo rumo à realização de qualquer atividade é o ambiente. Tudo que é feito é feito em determinado lugar e há certas coisas que são feitas em lugares com certas especificidades. Quando não há um ambiente adequado, adaptações podem são feitas; no entanto é essencial vislumbrar o ambiente favorável demandado pela natureza da atividade a ser feita, com vistas principalmente ao ganho de produtividade.
A última volta no cilindro que abre a porta, ou seja, o sexto passo que garante a execução de qualquer atividade é o que chamo de moção. A definição mais simples que encontrei para esse termo vem do dicionário Michaelis: “Moção é o ato ou efeito de mover-se. É o impulso que determina o movimento. Inspiração divina”. Psicologicamente pode ser tratada como a canalização da energia psíquica rumo a um objeto; no nosso caso, rumo à atividade a ser feita.
Não pretendi dissecar toda a problemática envolvida nesses passos. Se observarmos atentamente, veremos que a razão de ser desses passos é a vitória contra um inimigo comum a todos nós: a procrastinação. Creio que não é necessária muita compreensão para enxergar que o desafio maior quando o assunto é a procrastinação é exatamente o último passo. Todos nós já vivenciamos situações nas quais tínhamos definido o que fazer (1); sabíamos como fazer (2) tínhamos os recursos (3) e tempo (4); estávamos no ambiente certo (5), e mesmo assim, não conseguimos realizar nada. O que aconteceu? Simplesmente nos faltou o impulso do estímulo que determinaria o nosso movimento, ou seja, nos faltou moção. O que fazer diante da falta da moção de forma a alcançar o nível de energia que nos faz agir é tema de outra reflexão.
Celso Melo
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